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Politécnico de Viana do Castelo à frente do Bem Comum na gestão sustentável dos baldios do Norte
Resultados do Projeto Bem Comum, desenvolvido pela Escola Superior Agrária (ESA-IPVC) foram apresentados no passado sábado
Por Administrador
Publicado em 23/11/2025 10:44 • Atualizado 23/11/2025 10:45
Regional
IPVC

Resultados do Projeto Bem Comum, desenvolvido pela Escola Superior Agrária (ESA-IPVC), apresentado este sábado, aposta na inovação e na cooperação como fundamentais na gestão dos baldios

 

                   Politécnico de Viana do Castelo à frente do Bem Comum na gestão sustentável dos baldios do Norte

 

O Projeto Bem Comum, que ao longo de mais de dois anos trabalhou a valorização e a gestão sustentável dos baldios, com especial incidência no Norte do país, reuniu este sábado comunidades, entidades públicas e especialistas numa sessão que destacou o papel central do Politécnico de Viana do Castelo na capacitação local e na criação de conhecimento aplicado. Governantes e responsáveis regionais sublinharam que a atratividade dos territórios rurais depende de os tornar sustentáveis, reconhecidos e economicamente valorizados.

 

O encontro decorreu este sábado, na Escola Superior Agrária do Politécnico de Viana do Castelo e pretendeu assinalar o culminar de mais de dois anos de trabalho colaborativo, reunindo representantes das comunidades locais, entidades regionais e investigadores. O momento foi marcado pelo reconhecimento dos baldios enquanto património coletivo e pela necessidade de reforçar a sua gestão comunitária e sustentável. Todos os intervenientes focaram a necessidade de haver um envolvimento público, mas também privado para a salvaguarda daquele que é “um património de todos”.

 

Intervindo na sessão de encerramento, o secretário de Estado do Ambiente, João Manuel Esteves, destacou que os baldios representam “um bem comum que pertence a todos”, e cuja preservação deve ser assumida como uma responsabilidade coletiva. O antigo autarca de Arcos de Valdevez, conhecedor, por isso, da região, sublinhou ainda que o projeto “olha para as especificidades do território e faz alguma coisa por algo que é propriedade comunitária”, promovendo inovação, salvaguarda e cooperação entre comunidades e instituições. No entanto, é preciso que haja, disse João Manuel Esteves, “sustento”.


 

Por sua vez, o presidente do Politécnico de Viana do Castelo, Carlos Rodrigues, reforçou que os baldios são parte estrutural da identidade e do equilíbrio dos territórios rurais. “A preservação dos baldios é difícil e projetos como este são fundamentais. O Politécnico de Viana do Castelo tem uma responsabilidade social enquanto instituição de ensino superior. Com este projeto, como fazemos com outros, colocámos o nosso saber e as nossas competências ao serviço do território”, defendeu Carlos Rodrigues, alertando para a necessidade de haver uma continuidade daquelas que são as ideias-centrais do projeto: “Este projeto está a chegar ao fim e é fundamental que haja uma continuidade, mesmo que o papel da academia não seja o mesmo. As bases estão lançadas e o conhecimento está agora do lado de quem está efetivamente no território, aproveitem esse conhecimento”, destacou, ainda, Carlos Rodrigues, deixando, no entanto, bem vincada a ideia de que o IPVC continuará a ser um parceiro estratégico do território.

 

O presidente do Politécnico de Viana do Castelo defendeu ainda que “estes territórios serão tanto mais atrativos quanto mais sustentáveis forem, por isso, é preciso torná-los apetecíveis e economicamente viáveis”, lembrando que “todo o trabalho realizado nos baldios deve ser reconhecido e remunerado para ser verdadeiramente sustentável”.

 

Também o vice-presidente da CCDR-N, Paulo Ramalho, marcou presença na sessão de encerramento e realçou o impacto concreto do projeto, afirmando tratar-se de “um trabalho que saiu do papel, que não se limitou a escritos, mas que envolveu trabalho de campo, contacto direto com as populações e resultados objetivos”. Sublinhou ainda Paulo Ramalho o envolvimento da ciência e da academia “em prol do território”, apontando o projeto Bem Comum como exemplo de cooperação eficaz.

 

A encerrar, Paul Ramalho deixou um desafio, apelando a que surjam mais projetos que vão além do papel e coloquem efetivamente o território e a região no centro, num trabalho que se deseja sempre cooperativo.

 

Ao longo do dia de trabalhos, a coordenadora do Bem Comum, Joana Nogueira, apresentou uma síntese dos principais resultados alcançados, entre os quais o Barómetro Bem Comum, que permite às comunidades avaliar e melhorar a sua própria gestão; o Geoportal dos Baldios, que reúne informação essencial sobre território, vegetação e dinâmicas comunitárias; e a identificação de dezenas de boas práticas de gestão sustentável, desde ações de reflorestação com espécies autóctones ao reforço de atividades de ecoturismo e educação ambiental.

 

Joana Nogueira realçou ainda a importância do trabalho desenvolvido com jovens e futuros técnicos, promovendo conhecimento sobre processos de decisão comunitária e o papel das assembleias de compartes.

 

A coordenadora do projeto rematou dizendo esperar que seja dada continuidade aos canais de ação que foram desenvolvidos, porque o projeto Bem Comum se traduz numa “rede de proximidade, que espelha a capacidade existente para o trabalho em conjunto.”

O dia contou, ainda, com a entrega de cerca de duas dezenas de certificados às comunidades envolvidas no projeto, reconhecendo o impacto do trabalho realizado e o contributo das populações para a preservação e valorização dos baldios do Norte de Portugal.

 

 

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