Projeto Bem Comum | Apresentação de resultados acontece no próximo sábado, na Escola Superior Agrária do IPVC, em Ponte de Lima
Secretário de Estado no encerramento do projeto do Politécnico de Viana do Castelo de valorização dos baldios
O Politécnico de Viana do Castelo apresenta, sábado, os resultados do Projeto Bem Comum, que identificou boas práticas de gestão comunitária, analisando mais de duas centenas de respostas de interlocutores distribuídos pelos baldios do norte de Portugal e criou ferramentas inovadoras como o Barómetro Bem Comum e o Geoportal dos Baldios. Investigadores, comunidades locais, instituições públicas e entidades do setor florestal vão partilhar experiências e soluções sustentáveis, culminando com a presença do Secretário de Estado do Ambiente, João Manuel Esteves, na entrega de certificados às comunidades envolvidas.
Coordenado pela Escola Superior Agrária do Politécnico de Viana do Castelo, o projeto Bem Comum chega ao seu momento final, após dois anos de trabalho colaborativo focado na valorização e sustentabilidade dos baldios do Norte de Portugal. “Este dia não é, no entanto, o encerramento do projeto, mas sim uma apresentação de resultados e uma reflexão sobre o impacto e a continuidade das ações desenvolvidas”, explica a professora Joana Nogueira, coordenadora do projeto.
O território abrangido pelo projeto inclui o Noroeste de Portugal, nomeadamente o Minho, o Baixo Minho e o Vale do Ave, e estende-se ainda à freguesia de Cabril, em Montalegre, por se tratar de uma continuidade ecológica com o noroeste do país. Esta área, refere ainda Joana Nogueira, concentra “um conjunto único de recursos naturais e culturais, com uma forte tradição de gestão comunitária dos baldios.”
Embora o projeto se prolongue até 31 de dezembro, o seminário deste sábado apresenta resultados concretos e traça perspetivas de continuidade e impacto futuro.

Entre os principais resultados que irão ser apresentados destacam-se:
- Barómetro Bem Comum: “Uma ferramenta que permite às comunidades avaliar a própria gestão, identificar pontos fortes e oportunidades de melhoria, e tornar a gestão comunitária cada vez mais sustentável”, descreve Joana Nogueira. Esta primeira fase do projeto envolveu 227 respostas de gestores de baldios, permitindo mapear práticas, iniciativas inovadoras e boas práticas locais.
- Geoportal dos Baldios: plataforma geográfica e de base de dados que disponibiliza informações sobre vegetação, clima, património, usos do solo e dinâmicas comunitárias. “O geoportal permite que tanto as comunidades como o público em geral acedam a informação essencial para apoiar decisões informadas e construir planos de gestão mais eficazes”, acrescenta a coordenadora.
- Boas práticas e inovação local: ao longo de quase dois anos, o projeto identificou ações inovadoras nas comunidades, desde a revitalização de pastoreio extensivo à reflorestação com espécies autóctones, passando por programas de educação ambiental, voluntariado e ecoturismo sustentável. “Encontrámos comunidades que organizam iniciativas de reflorestação, combinando conservação da biodiversidade com educação ambiental, envolvendo escolas e jovens”, sublinha Joana Nogueira.
- Valorização económica e social dos baldios: foram identificadas experiências de ecoturismo e turismo sustentável e de natureza, desenvolvidas em colaboração com empresas, produtores locais e comunidades, garantindo que os benefícios se mantêm no território e promovem tanto a natureza como a cultura local. Além disso, o projeto capacitou jovens e futuros técnicos para entenderem processos de decisão comunitária e o funcionamento democrático das assembleias de baldios.
- Reconhecimento do esforço das comunidades: algumas zonas baldias destacaram-se pelo grau de organização e pela capacidade de inovação, servindo de referência para outras comunidades com menor dinâmica e atraindo, ainda, jovens ao território. “O objetivo é que estas boas práticas se espalhem, aumentando a sustentabilidade e revitalizando os territórios rurais”, explica a coordenadora.
- Espírito de comunidade e transmissão de conhecimento: trabalho colaborativo, partilha de experiências e decisões tomadas em assembleia, assim como a apresentação aos mais jovens das experiências, valores e oportunidades existentes nas regiões baldias, são outros resultados que podem ser extraídos do projeto Bem Comum. “No norte de Portugal e na Galiza temos características únicas e que nos distinguem do resto de praticamente toda a Europa. E são características que merecem ser descritas e preservadas”, enaltece Joana Nogueira.
O seminário inclui ainda apresentações sobre governança comunitária, revitalização de territórios de montanha e processos de cocriação com as populações, intercaladas com atuações culturais.
A tarde será dedicada ao painel “Reconhecer as boas práticas e dar voz às comunidades”, que integra testemunhos da Rede Portuguesa de Mulheres Ganadeiras e a apresentação de seis práticas de gestão sustentável de baldios da região, seguido da mesa-redonda “Rumos para o Bem Comum a Norte”, com a participação da Federação Nacional dos Baldios (BALADI), a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES), a Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDR N), o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e a Associação Florestal de Portugal (FORESTIS).
A encerrar os trabalhos, às 17h, com a presença do Secretário de Estado do Ambiente, João Manuel Esteves, do presidente do Politécnico de Viana do Castelo, Carlos Rodrigues, e do vice-presidente da CCDR N, Paulo Ramalho, serão entregues os certificados às comunidades locais e agrupamentos de baldios, reconhecendo o trabalho desenvolvido e o impacto do projeto. Pelo meio, atuam as Cantadeiras de Campo do Gerês e os Gaiteiros de Bravães.