Distinção foi atribuída pela Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência
Docente do Politécnico de Viana do Castelo vence prémio que mede impacto do surf em pessoas com deficiência intelectual
A investigação coordenada pelo docente da Escola Superior de Desporto e Lazer, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESDL-IPVC), Bruno Silva, concluiu que a prática de surf produz ganhos significativos ao nível motor em pessoas com deficiência intelectual. O estudo venceu um prémio atribuído pela Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência e foi desenvolvido no âmbito do projeto SOL – “Surf, Ondas e Liberdade”, implementado em concelhos do Alto Minho.
A prática de surf produz ganhos significativos na composição corporal, contribui para o aumento da força dos membros inferiores e ajuda no desenvolvimento da competência motora estabilizadora em pessoas com deficiência intelectual. Esta foi a principal conclusão de uma investigação coordenada por Bruno Silva, docente na Escola Superior de Desporto e Lazer, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESDL-IPVC).
O resultado do estudo ficou plasmado no artigo “Impacto da prática regular de surfing na composição corporal e níveis de competência motora em pessoas com deficiência intelectual”, publicado na edição 2022 da Revista Científica FPDD – Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência – “Desporto e Atividade Física para Todos” e venceu a sétima edição do prémio “Conhecer Mais para Incluir Melhor”.
Estudo envolve o Surf Clube de Viana e a APPACDM de Viana do Castelo
Além de Bruno Silva, o trabalho de investigação contou com colaborações de Marco Areias e Miguel Silva, do Surf Clube de Viana, e Paulo Santos e Pedro Fornelos, da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Viana do Castelo.
O estudo surgiu no âmbito do projeto “SOL – Surf, Ondas e Liberdade”, desenvolvido pelo Surf Clube de Viana, em parceria com a APPACDM de Viana do Castelo e apoiado pelo Prémio Capacitar 2021 do BPI e da Fundação “la Caixa”. O SOL foi criado com o propósito de capacitar pessoas portadoras de deficiência intelectual e física, através da prática desportiva e de exercício físico regulares na natureza através do surf. Visa ainda estimular as competências sensoriais e motoras e aumentar os índices de atividade física e sensorial, as relações interpessoais e a integração na sociedade das pessoas com deficiência intelectual.
Investigação analisou impactos ao longo de seis meses
“Surf, Ondas e Liberdade” teve uma abrangência distrital, estendendo-se às delegações da APPACDM de Melgaço, Monção, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Valença e envolvendo 87 utentes.
Quanto ao estudo de investigação coordenado por Bruno Silva, este procurou avaliar e medir o impacto da exposição de uma aula de surf semanal, durante seis meses nos níveis de massa corporal, massa gorda, massa muscular, gordura visceral e competência motora em oito utentes da APPACDM de Viana do Castelo, diagnosticados com deficiência intelectual moderada/média, de acordo com a classificação da OMS, e para quem o surf era já parte integrante do seu plano ocupacional.
O docente conta que foram verificados “ganhos significativos na massa corporal, composição corporal, competência motora estabilidade (saltos laterais e transposição de placas), salto horizontal e lançamento da bola”. Ao cabo de seis meses, os utentes apresentavam uma redução da gordura corporal e um aumento da massa muscular. “Sabendo-se que as pessoas com deficiência intelectual apresentam taxas de sobrepeso e obesidade superiores à população em geral, parece que este tipo de intervenção pode ser um mediador importante na gestão da composição corporal desta população”, acrescenta o docente do Politécnico de Viana do Castelo.
Estudo anteriores tinham já demonstrado que a atividade física por meio de jogos desportivos tem um impacto positivo na melhoria da saúde, habilidades sociais e habilidades motoras fundamentais em pessoas com deficiência intelectual, por isso, concluiu o estudo coordenado pelo docente d ESDL-IPVC, o surf em populações com deficiência intelectual poderá apresentar os mesmos benefícios.
Todas as sessões desenvolvidas junto dos utentes da APPACDM de Viana do Castelo foram planeadas e acompanhadas por dois instrutores de surfing, creditados pela Federação Portuguesa de Surf e especialistas em Para Surfing, e por dois profissionais especializados na área de intervenção, pertencentes à associação de Viana do Castelo.