E se um AVC lhe roubasse a voz? Estima-se que em Portugal existam 40 mil casos de Afasia
Nacional
Publicado em 10/03/2025

ESTIMA-SE QUE EM PORTUGAL EXISTAM 40 MIL CASOS DE AFASIA

 

E SE UM AVC LHE ROUBASSE A VOZ?

 

“A divulgação deste alerta é essencial para dar voz a estas pessoas. Precisamos de um olhar mais atento para esta condição e de políticas públicas eficazes que garantam um melhor acompanhamento e reabilitação dos doente." – Paula Valente 

 

A afasia afeta cerca de 40% das pessoas que sofrem um Acidente Vascular Cerebral (AVC), impactando a sua capacidade de falar, compreender, ler e escrever. Apesar de ser uma condição que altera drasticamente a comunicação e a interação social, continua a ser pouco conhecida e compreendida pela sociedade. Para sensibilizar a população e dar visibilidade a esta realidade, a IPAFASIA, no mês em que se assinala do Dia Nacional do AVC (31 de março), lança um alerta: E se um AVC lhe roubasse a voz? 

Este alerta visa chamar a atenção para os desafios enfrentados pelas pessoas com afasia e destacar a importância do diagnóstico precoce e do acesso a terapias especializadas. Com o apoio de especialistas na área da saúde e do impacto social da afasia, a iniciativa pretende ainda desmistificar conceitos errados e promover uma maior inclusão das pessoas com afasia na sociedade. 

"Na IPAFASIA temos vindo a desenvolver diversas iniciativas para apoiar as pessoas com afasia e os seus familiares, procurando criar um ambiente de maior compreensão e suporte para quem vive com afasia" explica Paula Valente, Diretora Executiva da IPAFASIA. Reforçando, “a divulgação deste alerta é essencial para dar voz a estas pessoas. Precisamos de um olhar mais atento para esta condição e de políticas públicas eficazes que garantam um melhor acompanhamento e reabilitação dos doentes." 

Nesse sentido, a IPAFASIA, em parceria com a Unidade Local de Saúde de Matosinhos, vai desenvolver um estudo pioneiro para analisar a incidência e impacto da condição nos sobreviventes de AVC. O estudo, que conta com a colaboração da Unidade de AVC do Hospital Pedro Hispano, pretende caracterizar o impacto psicossocial da afasia em sobreviventes de primeiro AVC residentes nos concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim, internados naquela Unidade em 2023. Após a recolha de todas as informações, será realizada uma análise estatística detalhada, cujos resultados serão divulgados em 2026, em formato de relatório e infografias. "Este estudo permitirá obter dados concretos sobre a realidade da afasia em Portugal e contribuir para o desenvolvimento de melhores estratégias de acompanhamento e reabilitação", conclui Paula Valente. 

PORTUGAL TEM UMA DAS TAXAS DE AVC MAIS ELEVADAS DA UNIÃO EUROPEIA 

Em Portugal, por hora, três portugueses sofrem um AVC, dos quais sobrevivem dois terços. Perto de metade dos sobreviventes de um AVC poderá ficar com afasia para toda a vida. Neste contexto, o IPAFASIA estima que surjam todos os anos cerca de 8.000 novos casos de afasia no país. 

Portugal tem uma das taxas de AVC mais elevadas da União Europeia, refletindo a gravidade do problema e a necessidade de medidas urgentes para prevenção e reabilitação. Através de extrapolações estatísticas, a IPAFASIA calcula que a prevalência de pessoas com afasia em Portugal ronde os 40.000 casos. Portugal é o sexto país da Europa que mais gasta com a doença vascular cerebral. Os custos, diretos e indiretos, atingem cerca de 2,5 milhões de euros anuais. 


SOBRE A IPAFASIA 

A IPAFASIA é uma associação sem fins lucrativos dedicada ao apoio a pessoas com afasia e aos seus cuidadores, promovendo a inclusão, o acesso a terapias especializadas e a sensibilização sobre esta condição.  

Através de projetos inovadores, a associação reforça o seu compromisso no apoio aos doentes e na promoção da investigação. Pretende que as respostas terapêuticas sejam acessíveis a todas as pessoas com afasia, independentemente das suas possibilidades financeiras. Para tal, o IPA atribui bolsas, ajustadas às possibilidades económicas de cada beneficiário. Apenas 20% das pessoas com afasia que beneficiam das terapias do IPA pagam o valor tabelado, sendo que as restantes beneficiam de bolsas. Os resultados da consignação de IRS garantem existência destas bolsas e de tantos outros recursos e ações gratuitas.      

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