Câmara de Viana do Castelo abre concurso para obra de reconversão
mais inovadora do concelho
A Câmara Municipal de Viana do Castelo abriu, esta segunda-feira, o concurso
público para reconversão do antigo Matadouro Municipal no futuro Viana STARTS pelo
preço base de 3,226 milhões de euros, naquela que o Presidente da Câmara, Luís
Nobre, assume ser a obra pública de reconversão mais inovadora do concelho.
As propostas podem ser apresentadas até dia 25 de setembro para a
empreitada que conta com um prazo de execução de 420 dias e vai utilizar um
conjunto de soluções inovadoras de eficiência energética e hídrica, baixo teor de
carbono e economia circular.
O Viana STARTS irá ser um espaço criativo e comunitário, baseado no espírito
da Ciência + Tecnologia + Arte, para que este seja um futuro espaço de criação. Até
final do ano, a Câmara Municipal deverá avançar com o início da obra de reabilitação,
que deverá estar concluída até final de 2026.
A reabilitação e reconversão do antigo Matadouro Municipal corresponde a um
projeto de seis milhões de euros que obteve um financiamento de cerca de cinco
milhões de euros FEDER. Espera-se um edifício de energia quase zero com
desempenhos bastantes superiores aos exigidos em Portugal, assim como serão
aplicados princípios de eficiência hídrica e de armazenamento de águas pluviais. O
edifício irá ter elevada eficiência energética, prevendo-se que o excesso de energia
renovável obtida num sistema híbrido fotovoltaico e eólico seja armazenada num
sistema a hidrogénio, pioneiro a nível nacional em edifícios públicos. A solução de
reserva de energia à base de hidrogénio será utilizada quando a energia do sol ou do
vento não puder ser utilizada, por exemplo para o período noturno ou em períodos
menos ventosos.
De acordo com a memória descritiva e justificativa do projeto, propõe-se a
intervenção em todo o recinto para a concretização de um processo de renovação e
construção inovador, no âmbito da Iniciativa Urbana Europeia (EUI), numa empreitada
que conjuga demolição, reabilitação e construção nova.
“Após uma análise crítica do estado e relevância formal dos edifícios existentes,
o projeto procura responder às necessidades identificadas diferenciando obras de
demolição, reabilitação e de construção nova. Procurando limitar as operações de
demolição e maximizar a reutilização e reabilitação dos elementos essenciais da
construção existente, propõe-se a demolição dos elementos que foram acrescentados
à construção inicial e a reabertura de vãos encerrados, assim como a demolição
integral dos edifícios formalmente menos significativos, cujas dimensões e custo-
benefício da sua reparação e conservação não é compensatório, conservando-se as
paredes em alvenaria de pedra passíveis de integrar a construção dos novos edifícios”,
refere a memória descritiva.
Assim, o projeto prevê a preservação da imagem formal do conjunto edificado
existente. Propõe-se a reconstrução, com tecnologia compatível, das coberturas de
telha com estrutura de madeira (introduzindo impermeabilização e isolamento térmico
e melhorando assim a resposta global construtiva dos edifícios) e a reabilitação dos
rebocos exteriores que são elementos essenciais da caracterização formal dos edifícios.
Para a melhoria do seu comportamento térmico, será feita a substituição
integral das janelas e portas exteriores por caixilharia de alumínio ou de madeira, com
recurso a soluções de características inovadoras e reciclagem de alumínio, com vidros
duplos com fator solar adequado e integração de material reciclado, reduzindo a sua
pegada carbónica.
Relativamente aos interiores, propõe-se a renovação completa dos pavimentos
e revestimentos, das infraestruturas, a substituição de todas as caixilharias e a mínima
construção de paredes interiores para garantir a maior flexibilidade de utilização dos
espaços.
Devido ao elevado estado de degradação do pavimento exterior, este deverá
ser refeito contemplando a renovação prevista para o espaço público envolvente. É
proposta a construção de uma laje plana visitável que, garantindo um percurso coberto
mais confortável de acesso à ala Norte no piso térreo, cumpre um papel agregador da
construção reabilitada e da nova edificação, contribuindo assim para uma relação
harmoniosa do conjunto edificado.
O projeto visa ainda garantir o acesso exterior à cobertura visitável através de
uma nova escada no conjunto da ala norte, aberta para o novo arruamento pedonal
previsto pelo município.
Na área exterior a sul, são criadas as condições para a implantação de
contentor para instalação de todo o equipamento técnico necessário à produção de
energia a hidrogénio, assim como para a futura implantação de uma casa que se
move.
Procurando integrar as paredes de alvenaria existentes, será construído um
novo edifício a poente do edifício central que garanta um amplo espaço de trabalho, de
carácter flexível e divisível com partições interiores. A solução construtiva selecionada e
as opções técnicas das rede e sistemas de infraestruturas conjugam-se para oferecer
garantias de conforto, durabilidade, segurança, baixos de custos de manutenção e,
desta forma, promover a eficiência energética da edificação no seu conjunto,
procurando assegurar a possibilidade da sua visita com objetivos pedagógicos.
Pretendendo promover a máxima flexibilidade de utilização em cada um dos
espaços intervencionados e a eficiência das infraestruturas que os servem, como forma
de facilitar a instalação de programas diversos e alterações funcionais, o projeto
organiza os vários espaços de trabalho, receção e exposição entre o edifício central e o
novo edifício, em volta do conjunto central de infraestruturas, instalações sanitárias e
acessos verticais ao piso superior.
Propõe-se estabelecer uma área mais contida, a norte do corpo principal, onde
se instalam espaços interiores para servir de copa/cozinha aos usuários do edifício, e
uma outra área, a sul, de maior dimensão e carácter mais público, aberta ao novo
arruamento pedonal previsto e com a instalação de um café aberto ao público.
A Associação Juvenil de Deão, o Itecons - Instituto de Investigação e
Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e
Sustentabilidade, a Inova+, o Dinamo10 – Creative Hub, a Associação Empresarial do
Distrito de Viana do Castelo e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo são os
parceiros deste projeto liderado pela autarquia vianense.
O projeto Viana STARTS, aprovado no âmbito do programa Iniciativas Urbanas
Europeias, tem um total de investimento de 6.243.572€ e é cofinanciado através do
Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) no montante de 4.994.857,60€.