Blue Project permitiu a transformação de um peixe pouco conhecido num petisco aprovado pelos mais pequenos
Sarrajão, o peixe que o Politécnico de Viana do Castelo ajuda a levar às cantinas escolares pode chegar a todo o país
Muito similar ao atum, o Sarrajão, abundante na costa portuguesa, é hoje um caso sério de sucesso entre os alunos do ensino básio. Juntamente, com outras entidades, o Politécnico de Viana do Castelo ajudou à transformação do sarrajão. Os promotores do Blue Project querem agora replicar o projeto a nível nacional.
Tem um sabor similar ao atum, é altamente nutritivo, existe em abundância na costa portuguesa, é, por isso, economicamente mais acessível e passou no teste do palato apurado de cerca de 250 alunos do 1.º ciclo do ensino básico. Estas são as caraterísticas do Sarrajão, um peixe pouco conhecido da grande maioria das pessoas, mas que ganha agora uma nova utilidade. A prova “às cegas” dos mais pequenos deixa os promotores do Blue Project com ambição de o replicar a nível nacional.
Neste Dia Europeu do Mar, o Politécnico de Viana do Castelo apresenta o Blue Project, projeto que nasceu com o propósito de promover o consumo do pescado local, de assegurar quotas de captura, de incentivar o reaproveitamento excedente da costa portuguesa e de reduzir o desperdício alimentar.
Trata-se de um projeto no qual participou o Politécnico de Viana do Castelo, financiado desde 2022 pelo EEA Grants, com base numa candidatura apresentada ao Programa Crescimento Azul.
Transformado em filetes e testado junto de alunos do 1.º ciclo das escolas básicas de Esposende, o objetivo agora é replicar o projeto a nível nacional.
Além do Politécnico de Viana do Castelo, o consórcio do projeto é assegurado por entidades com competências complementares para a geração de conhecimento científico e tecnológico, como a Universidade do Minho, a Guimarpeixe, promotora do projeto, a Tintex, que, na área têxtil, trabalha no aproveitamento de resíduos no fabrico de materiais têxteis, a Associação Empresarial de Portugal, a Visual Thinking e a Matis, organismo público da Islândia que apoia o projeto com contributos na área da segurança alimentar e saúde pública.
“Com a realização e o desenrolar deste projeto foi possível promover escolhas alimentares saudáveis e ambientalmente conscientes; criar sinergias que fomentassem o consumo de produtos locais e sazonais; contribuir para uma economia colaborativa e de consumo sustentável, tendo por base o contexto das cantinas escolares do concelho de Esposende e com potencial de replicação, nomeadamente no contexto educativo das famílias; reduzir o desperdiço alimentar; implementar ações de sensibilização e educação para a sustentabilidade alimentar. O Sarrajão (Sarda sarda) é uma das espécies de peixe que necessita de ser mais conhecida e consumida pela população”, descreve Joana Solinho, bolseira de investigação no Blue Project e licenciada em Ciência e Tecnologia Alimentar e com mestrado em Engenharia Alimentar, pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Viana do Castelo.
Joana Solinho descreve, ainda, o lado pioneiro do projeto: “Ao integrar o peixe nas ementas escolares e ao inovar através do aproveitamento das suas sobras, o Blue Project pretendeu ser a primeira iniciativa que sustenta os princípios da Economia Azul com um impacto social subjacente e que se destina a gerir, de forma consciente, todas as atividades de pesca local, com vista a salvaguardar a utilização deste recurso natural, tirando partido de forma sustentável de uma espécie abundante, mas não utilizada, e implementando uma literacia do oceano, capaz de incluir e atingir diferentes sectores e a sociedade em geral, aproximando as escolas, em particular, e a população em geral, do mar.”
Além de Joana Solinho, o IPVC está presente neste projeto com Rita Pinheiro, subdiretora da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG-IPVC), Sofia Machado, estudante do curso de licenciatura em Engenharia Alimentar, e Ana Gonçalves, estudante do mestrado em Engenharia Alimentar.
Foto: Público