Dia Internacional da Mulher evocado com a peça Mãe 8 mar_21h30 | Centro Cultural Paredes de Coura
Notícia
Publicado em 04/03/2024

com testemunhos de mulheres courenses

Dia Internacional da Mulher evocado com a peça Mãe

8 mar_21h30 | CENTRO CULTURAL

 

A 8 de março, dia em que se evoca o Dia Internacional da Mulher, o Centro Cultural de Paredes

de Coura recebe a ‘Mãe’, pela companhia Mochos no Telhado. Mais que a obra intemporal de

Máximo Gorki ou as amarguras do cineasta Ingmar Bergman, esta ‘Mãe’ pela companhia

Mochos no Telhado traz também os testemunhos de mulheres courenses e de outras geografias

envolvidas nesta coprodução, mas acima de tudo “esse invisível que sustenta o mundo”.

Para melhor perceber esta ‘Mãe’, uma coprodução do Teatro Viriato, 23 Milhas, Teatro Diogo

Bernardes, Cine-teatro João Verde, Centro Cultural de Paredes de Coura, Teatro Ribeiro

Conceição e Centro Cultural de Carregal do Sal, nada como as palavras da dramaturga Sofia

Moura, que com Dennis Xavier respondem pela Direção Artística da companhia Mochos no

Telhado.

“Esta é a história de uma mãe. É a história de uma mulher que é mãe. Esta mulher não é só mãe.

Esta mulher não é mãe. Esta mãe nem sempre é uma mulher. Nesta mãe cabem todas as mães,

todos os filhos e filhas. Os que ainda estão aqui e os que já partiram. Esta é a primeira mãe:

Deusa-mãe, Ishtar, criadora de povos. Esta mãe sou eu.

O tempo é contínuo. O tempo é uma mulher de adaptabilidade evolutiva. Engorda e emagrece

de acordo com o espírito de quem o vive, mas nunca para. Quando nasci, o tempo já estava em

marcha. Quando antes de mim nasceram as minhas mães, também começaram a viver in medias

res. A primeira mãe de todas não foi a primeira mãe. Herdámo-nos umas às outras. Estamos

umas dentro das outras.

 

Esta mãe é exatamente o ponto intermédio entre a sua mãe e o seu filho ou a sua filha. Lembra-

se ainda da sua avó. Ela dialoga com o passado e projeta o futuro, é nova para uns, velha para

 

outros. É um ponto na linha do tempo, ponto final, ponto e vírgula, três pontinhos. É ela própria

a linha, uma linha que ramifica e multiplica. Somos o fio condutor que atravessa milhões de

anos.

Isto não é nada de novo. Esta história não é nova. Já existem mães desde o início da vida, já se

fizeram milhares de espetáculos e obras de arte sobre a maternidade. Ao mesmo tempo, isto é

completamente novo. É inaugural de cada vez que acontece. É abismal. É motivo para

celebração e fascínio, é intrigante e misterioso. Não nos habituámos ainda à maravilha do

nascer, tal como não nos habituámos à dureza do morrer.

 

Falámos com cinquenta mulheres sobre o que é isto de ser mãe. Não estávamos à espera de

uma resposta, de uma certeza ou uma verdade categórica. Mas entre todas estas conversas,

houve alguma coisa muito concreta, certamente inominável, que se partilhou, que se

experienciou e que se reconheceu na outra.

Enquanto escrevo, uma grávida, já mãe, está sentada à minha frente, com o seu filho pequeno

ao lado. Depois deste trabalho, não será mais possível olhar para ela sem a empatia que nos

une, sem imaginar o cenário invisível que a rodeia, o invisível que acontece no interior do seu

corpo e mente. Os gestos para com o filho que brinca com um carrinho, o olhar atento, presente

e ausente, dentro e fora, as advertências carinhosas, a eterna paciência. Ela também sustenta

este mundo. Ela é uma desconhecida que carrega o futuro. Ela é linda e jovem. Está em silêncio

porque ninguém lhe pediu para falar. Fala com as mãos que rodam o anel no dedo. Parece calma,

serena.

Um especial obrigada a todas as mulheres que partilharam connosco esse invisível que sustenta

o mundo”. [Sofia Moura]

SINOPSE

Abrimos a palavra Mãe para ver o que tem dentro. Que mães habitam este mundo global e acelerado? Como

expressar o constante confronto entre o amor e o sacrifício, entre a mãe que se é e a mãe que se quer ser ou

que querem que seja? Ser mãe é mesmo a melhor coisa do mundo? Este é um trabalho que se debruça sobre

o processo de contínua transformação, transição e descoberta que é o ‘maternar’.

A dramaturgia nasce de um processo de entrevistas a mulheres de diferentes países, culturas, idades e

vivências, na sua relação com a maternidade, complementada por um estudo de referências que passam pelo

poema, pelo texto afetivo e literário.

 

Mochos no Telhado

A Mochos no Telhado é uma estrutura artística, fundada e dirigida por Dennis Xavier e Sofia Moura, em 2019.

Dedica-se à investigação, criação e programação no domínio das artes performativas, o que deriva da vontade

de iniciar um caminho próprio, com uma identidade pronunciada, modelada, por um lado, por apelos e

inquietações próprias e, por outro, pelo cruzamento com diferentes artistas convidados a integrar as suas

criações.

A Mochos no Telhado conta com um percurso denotado com ações e iniciativas de Intervenção Educativa e

no amplo espectro das Ações Estratégicas de Mediação, sendo que ao nível das criações próprias se podem

destacar "Kamarád" (2021), “A História das Coisas" (2023) e, mais recentemente, "Mãe" (2024). É igualmente

responsável pela organização do Festival-No Fio da Palavra, que terá a sua 4a Edição em 2024.

Ficha Artística:

Criação e Interpretação: Ana Vargas, Joana Gomes Martins e Sofia Moura

Apoio à Criação: Joana Pupo e Pepa Macua

Dramaturgia*: Sofia Moura

Apoio à Dramaturgia: Lígia Soares

Cenografia e Figurinos: Inês de Carvalho

Desenho de Luz: Mafalda Oliveira

Música: Ana Bento Apoio

Técnico de Luz: Sara Nogueira

Construção de Cenografia: FP Solutions Lda

Confeção de Figurinos: Modista Lurdes

Design, Fotografia e Vídeo: Luís Belo

Direção Executiva: Dennis Xavier

Produção Executiva: Clara Spormann e Rui Macário Ribeiro

Produção: Mochos no Telhado– Estrutura com Direção Artística de Dennis Xavier e Sofia Moura

Apoio: República Portuguesa– Ministério da Cultura | DGARTES– Direção-Geral das Artes

Coprodução: Teatro Viriato, 23 Milhas, Teatro Diogo Bernardes, Cine-teatro João Verde, Centro Cultural de

Paredes de Coura, Teatro Ribeiro Conceição e Centro Cultural de Carregal do Sal

Parceiro: Município de Viseu

*Combreves excertos de textos de Susana Moreira Marques, Maria do Rosário Pedreira, Sylvia Plath,

Máximo Gorki, Ingmar Bergman, Hélène Delforge e Clarissa Pinkola Estés.

Agradecimentos: Umbigo Consciente- Enfermeira Filó, Iara Lugatte, Júlia Carvalho

Um agradecimento especial a todas as mulheres que partilharam connosco os seus testemunhos:

Alexandrina Dantas, Ana Pinto, Ana Seia de Matos, Analia Romero, Andreia Dias, Anja Spormann, Anne

Sophie Rafeiro, Cândida Rocha, Carolina Ferreira, Catarina Grangeia, Catarina Mano, Cátia Sousa, Cecília

Ferreira, Daniela Santo, Dorisa Rebelo, Élia Cavaz, Emília Martins, Érica Villas, Fernanda Martins, Filipa Veiga,

Florbela Soeiro, Graça Magalhães, Jenevieve Phillipson, Joana Rodrigues, Júlia Cavaz, Lídia Oliveira, Liliana

Macário, Magda Viegas, Maria Cascais, Maria Celeste, Maria Inês Santos, Marta Espírito Santo, Megan

Hanley, Mirele Alexandre, Nayola Freitas, Noémia Ribau, Olinda Rafeiro, Paula Carvalho, Paula Santos,

Rafaela Figueiredo, Rita Rodrigues, Rosa Tavares, Rosana Baena, Salomé Miguel, Sandra Leal, Sandra Silva,

Sofia Mendonça, Sónia Barbosa, Susana Sousa, Tânia Afonso

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