Destruído habitat do Borrelho em Darque. Impedido acesso à água a canoístas com e sem deficiência! Atletas com deficiência transportados às costas!
Uma cidade (Viana) que protege e destrói o ambiente em simultâneo é uma cidade à deriva.
Em plena pandemia, em 2020, a DKC de Viana descobriu a espécie borrelho de coleira interrompida que nidifica no solo, sito na frente ribeirinha ao Centro de Canoagem, sede da Darque Kayak Clube.
Comemorando o Dia Mundial do Ambiente, polícia marítima, CMIA (do Município de Viana) e jovens do DKC, à época 2020 e até aos dias de hoje, uniram esforços para proteger os ninhos e para proteger a área, deixando inclusive de organizar regatas no local a fim de preservar a espécie.
Portugal conta com apenas mil casais e da qual o Centro Municipal de Interpretação ambiental de Viana do Castelo tem monitorizado e protegido população em articulação da vizinha Galiza.…
A DKC de Viana tem tentado ao longo dos anos com a CMIA, de Viana, ligado ao departamento de ambiente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, a recuperação do tecido vegetal
, pois sabe-se que um dos principais inimigos da espécie é o pisoteio, sobretudo na época de nidificação que inicia em meados de março, abril.
No resto do ano vivem aí essas comunidades, (pelo menos dez casais de borrelhos) num terreno pequeno mas valioso na proteção dessa espécie. Terreno esse que supomos ser Rede Natura 2000 e presumimos sob jurisdição da Agencia Portuguesa do Ambiente e do Porto de Mar de Viana do Castelo, fiscalizado pela Polícia Marítima, pressupostos que iremos indagar.
Foi por isso foi com estupefação que se assistiu ao suposto licenciamento de uma prova de BTT, pelo município, com envolvimento da Junta de Freguesia, que conhece bem as atividades de proteção do ambiente que aí se desenrolam.
E foi com estupefação que no dia 28 de janeiro de 2024 se realizou nessa parcela de terreno a destruição do habitat do borrelho de coleira interrompida
com 150 bicicletas durante três horas!
Essa pequena porção de terreno não era fundamental para a realização da prova, que tinha um percurso bem mais longo.
Não sabemos onde estava a Agência Portuguesa do Ambiente… Esta e outras perguntas vamos fazer à APA, considerando a probabilidade que a mesma tem de ser a entidade que abarca esta margem, este terreno, de domínio marítimo.
Foram150 bicicletas durante três horas que destruíram o habitat e o tecido vegetal na zona que estava há anos em recuperação, a apenas dois meses do início da nidificação, que inicia a finais de março, inícios de abril.
E não é por desconhecimento, pois ataram inclusive uma das fitas do percurso a um suporte, com um cartaz de alerta à nidificação!
Organização e licenciamento que passam pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, pasme-se do CMIA (da Câmara) que monitoriza o “borrelho” e do conhecimento da Junta de Freguesia que sabe bem que nesse local existe esse trabalho de proteção. Está bem visível com um aviso do CMIA!
E pasme-se que o percurso da BTT impediu o acesso à água
aos canoístas, crianças jovens e atletas com deficiência pelo local onde sempre se acede, conforme comprovou o comandante da PSP da operação no local.
- Veja-se a que sorte foram agora abandonados!
Os atletas da DKC com deficiência tiveram que ser transportados às costas
pelo meio da vegetação, forma muito pouco digna de tratar estes cidadãos, com o acesso ao clube por viaturas cortado muito antes do comunicado.
Que pensarão os jovens disto, aqueles que a DKC de Viana tem passado a mensagem de proteção do ambiente? Que pensarão da formação que tiveram do município e do seu clube de defesa do ambiente e veem o Município a dar o seu acordo a esta destruição?
Alertado o Município no dia anterior à realização da prova, para esta circunstância, em que bastaria uma ligeira alteração do percurso, pois o terreno em causa teve um percurso de uns 300 metros apenas, o Município nada fez.
Também ninguém informou ou pediu opinião previamente à DKC de Viana que, em frente ao clube iria desenvolver-se essa prova, ninguém lhe pediu a opinião, ninguém o consultou, tal como deviam.
A DKC de Viana nada tem contra a organização de provas de BTT ou o desporto natureza em Viana do Castelo, pois até há alguns anos atrás colaborou com o BTT, mas nunca foi feita a prova de ciclismo nesse pedaço de terreno.
O Município apenas informou com um aviso que “das 9h às 12h” que a via pública estaria ocupada com uma prova de BTT, sem precisar locais, ou impedimentos de acesso à água.
A polícia marítima, comunicou-nos que pelo cruzamento de informação, as licenças estavam em ordem.
Licenças para destruir!
Obviamente que é bom para a freguesia e para a cidade a organização de provas, mas não 0 deve ser contra o meio ambiente.
A pessoa que organizou, reconheceu que efetivamente a DKC tem razão,
postura que foi apreciada pela DKC de Viana, que vai solicitar toda a documentação e indagar as entidades competentes, para saber efetivamente o que se passou, para licenciarem um evento que colide contra uma zona com uma espécie em proteção e para impedirem o acesso à água de atletas de canoagem, inclusive os portadores de deficiência, que tinham direito ao seu treino.
Dos Verdes, nem rasto, da APA, idem
e o Município licenciar uma prova numa área que o próprio está a proteger não abonará muito a favor de quem a licencie.
O desporto natureza tem que ter algumas linhas vermelhas, e uma delas deverá ser não colidir com zonas de nidificação que estão a ser trabalhadas e o trabalho de anos do CMIA e do voluntariado da DKC foi deitado por terra, com a cumplicidade de todos os que a permitiram, e até o estimularam.
Uma falta de respeito pela natureza e pelo ambiente protagonizado por entidades cujo comportamento relativo a provocar ruido e dissabores nas atividades deste clube vianense se tem agudizado, numa absoluta falta de respeito pelo ambiente, pelo desporto e pelo voluntariado!