Uma vitória para a História: Portugal está nos oitavos de
final do EuroBasket
5000 adeptos da Estónia a fazer barulho. Ambiente infernal no pavilhão. Cerca de 50
adeptos portugueses na bancada, que, durante o hino, gritaram mais alto que todos os
outros. Os Linces sentiram o apoio e retribuíram. Portugal vence um gigante do
Basquetebol (65-68), pela segunda vez neste EuroBasket, e está nos oitavos de final
da competição. O sonho dos Linces de Mário Gomes cumpriu-se: estamos na fase a
eliminar do maior palco europeu, pela segunda vez na história, entre as 16 melhores
equipas da Europa.

Um duelo para os livros de história. Os parciais pouco importam, agora que o resultado
está lacrado, mas fique-se a saber que foi, como se diz na gíria, "taco-a-taco" durante
todo o encontro. Mesmo depois de um parcial de 11-0 a fechar o terceiro quarto, os
estónios recuperaram a liderança, depois de três triplos consecutivos e uma penetração,
mas as forças lusas não desmoralizaram. Foi só um de vários momentos do jogo em
que tudo podia ter corrido pelo pior, mas Portugal sabe sofrer. Sempre soube. E lutou
sobre todo o sofrimento até ao final.

Quando Neemias Queta (15pts) foi excluído ao receber a segunda falta técnica, Miguel
Queiroz virou-se para o banco e, com a garra do costume, gritou: "Vamos ganhar".
Ouviu-se da tribuna de imprensa e viu-se na expressão do capitão, a personificação em
campo do esforço máximo destes guerreiros. Terminou com quase um duplo-duplo
(10pts, 9res, 3ast - 15val) e foi estatisticamente o MVP do encontro.
Mas Rafael Lisboa... só não faz lembrar o pai porque está aqui a escrever a própria
história. A sangue-frio, com menos de um minuto para jogar e a dois metros da linha de
três pontos: a bola do jogo. Quatro lances livres convertidos depois e saiu como TLC
Man of The Match, com 17 pontos e cinco assistências "no bolso" (13val).
Neemias Queta marcou 15, Travante Williams 11, Daniel Relvão foi fundamental no
terceiro quarto, mas a força desta verdadeira equipa está no coletivo. Todos
contribuíram para a vitória, especialmente no que diz respeito à máquina defensiva de
Mário Gomes (oito roubos de bola contra três dos estónios e mesmo perdendo a luta
dos ressaltos, 41-35). Do início ao fim, a atitude lusa prevaleceu, depois de estar em
desvantagem todo o segundo quarto e parte do terceiro.

De frisar também as palavras do professor Mário Gomes na conferência de imprensa,
onde destacou não só o papel destes 12 Linces, como de todos os que contribuíram
para uma qualificação histórica - e para que este objetivo hoje se cumprisse: André
Cruz, Anthony da Silva, Gonçalo Delgado e Ricardo Monteiro.
Uma equipa (e uma vitória) para a História.
Parciais de 14-14, 18-13, 13-20, 20-21