Miriam Portela é estudante do curso de licenciatura em Biotecnologia da Escola Superior Agrária (ESA-IPVC)
Mobilidade | Estudante do Politécnico de Viana do Castelo prepara publicação científica internacional depois de experiência Erasmus em Cabo Verde
Aos 25 anos, Miriam Portela, estudante do segundo ano do curso de licenciatura em Biotecnologia da Escola Superior Agrária do Politécnico de Viana do Castelo, regressou de Cabo Verde com mais do que recordações: trouxe na bagagem uma experiência de investigação que acredita poder vir a ter impacto principalmente nos PALOP, mas trouxe também crescimento pessoal e cultural e a convicção reforçada de que as mobilidades mudam vidas.
Recém-chegada da ilha de Santiago, onde esteve dois meses ao abrigo do programa Erasmus+, Miriam Portela descreve a experiência como “extraordinária”. Já conhecia Cabo Verde da sua passagem pela ilha do Sal, mas desta vez viveu a realidade local de forma mais próxima. “Senti-me cidadã da ilha. Fui muito bem recebida, vivi o dia a dia para além daquilo que é ser turista e percebi de perto como as pessoas vivem. É impossível sair de lá igual”, afirma a estudante da licenciatura em Biotecnologia da Escola Superior Agrária do Politécnico de Viana do Castelo.
A mobilidade integrou o projeto INCUBATOR, dedicado à identificação de fatores associados ao desenvolvimento do cancro da próstata. O trabalho de Miriam consistiu numa revisão sistemática, ou seja, na análise crítica de estudos científicos já publicados para avaliar a sua validade e relevância. A investigação incidiu no licopeno, um composto presente no tomate, e no seu efeito em homens diagnosticados com aquele tipo de cancro. “O objetivo foi reunir e avaliar estudos para perceber se são válidos e consistentes. Estamos a preparar um artigo que será publicado no PROSPERO, uma base de dados internacional de referência. É um orgulho saber que o meu nome vai estar associado a este trabalho, ao lado dos professores e investigadores Neidy Rodrigues e João Moreno, da UniCV, e do Politécnico de Viana do Castelo”, explica.

“Senti-me uma pequena cientista”
A estudante fala das diferenças entre fazer investigação em Portugal e em Cabo Verde e destaca o desafio que foi lidar com realidades e recursos mais escassos. “Eles têm muito menos recursos, mas aplicam a ciência com grande impacto e sabedoria. Aprendi muito com cientistas que, apesar das limitações, fazem investigação relevante e transformadora. Isso mostrou-me o verdadeiro valor da ciência”, sublinha.
Para Miriam, esta experiência marcou-a em todas as dimensões e confessa que não contava com um algo tão transformador: “Sou uma Miriam muito mais rica depois destes dois meses. Cresci porque participei num projeto realmente importante, com potencial que pode ter realmente impacto na PALOP. Senti-me uma pequena cientista.”
Mobilidades que mudam percursos
Com uma experiência tão rica, Miriam Portela não tem dúvidas e desafia todos os estudantes a participarem em projetos que os tirem da zona de conforto. “Participar num programa de mobilidade é uma oportunidade única. Vivemos algo completamente diferente, deparámo-nos com realidades totalmente novas e enriquecemos o currículo. Não tenham medo. Desde o momento em que pus os pés fora de Portugal, fui acompanhada e apoiada por todos. É uma experiência que não devemos deixar passar”, garante.
De regresso a Portugal, Miriam Portela quer concluir a licenciatura e prosseguir para um mestrado na área da saúde e investigação. “Imagino-me a seguir pelo ramo da investigação ligada à saúde. O Politécnico de Viana do Castelo foi o meu ponto de partida e continua a ser o meu suporte para ir mais longe”, conclui a jovem que ambiciona ser investigadora.