Disbiose intestinal e endometriose: o que é que o seu intestino tem a ver com a dor?
A endometriose é uma doença ginecológica complexa caracterizada pela presença de tecido semelhante ao do endométrio, mas fora do útero. Essa condição pode desencadear dor intensa e impactar, significativamente, o bem-estar físico, mental, social, sexual e reprodutivo das mulheres. Estima-se que a endometriose afete cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva, sendo que, entre 30% a 50%, podem apresentar dificuldades para engravidar. Por ser uma patologia associada ao estrogénio e de natureza inflamatória, a sua progressão pode estar associada à saúde intestinal.

Estudos recentes destacam a disbiose intestinal como um fator relevante no controlo da endometriose. Esta condição, refere-se ao desequilíbrio da microbiota intestinal, caracterizada pela proliferação de bactérias “más” e pela redução de bactérias “boas”. O conjunto de microrganismos que habitam o intestino, desempenham um papel importante no metabolismo de estrogénio. Para além disso, a presença de uma disbiose intestinal, pode levar a uma permeabilidade intestinal e com isso induzir inflamação.
Quando estamos presentes a este quadro de desequilíbrio na metabolização e aumento de inflamação, cria-se um ambiente propício à progressão da endometriose.
Manter a saúde intestinal deve ser uma prioridade, especialmente para mulheres com endometriose. Nesse contexto, a nutrição desempenha um papel fundamental. Intervenções nutricionais que promovam um equilíbrio na microbiota intestinal podem reduzir a inflamação característica da patologia e otimizar a metabolização do estrogénio.

Para otimizar a saúde intestinal, é recomendável adotar uma alimentação com características anti-inflamatórias, incluindo:
· Redução do consumo de: alimentos ultraprocessados, carnes vermelhas e enchidos, açúcares, farinhas refinadas e álcool.
· Priorizando o consumo de:
o Alimentos ricos em polifenóis, como frutos vermelhos, maçã, cebola, uvas, laranja, gengibre e curcuma.
o Alimentos ricos em fibras, abundantemente presente nos vegetais e frutas.
o Fontes de omega-3, como peixes, sementes e frutos oleaginosos.
o Quantidade adequada de água para hidratação e regulação intestinal.
o Hábitos saudáveis, incluindo a manutenção da atividade física regular.
O consumo de probióticos e prebióticos também pode contribuir para a restauração do equilíbrio da microbiota e para a redução da permeabilidade intestinal. No entanto, a suplementação deve ser avaliada por um profissional de saúde.
