Paredes de Coura | Conversas na Casa Grande Paulo Pinto/Susana Vassalo com Arnaldo Trindade
Notícia
Publicado em 09/11/2023

Conversas na Casa Grande

Paulo Pinto/Susana Vassalo com Arnaldo Trindade

sáb_11 nov_16h00 | Casa Grande de Romarigães

 

As Conversas na Casa Grande estão de regresso este sábado, 11 de novembro, pelas 16h00, com

Arnaldo Trindade e tendo por interlocutores Paulo Pinto e Susana Vassalo.

Tendo por ponto de partida a escuta na integra do disco ‘As casas: Romarigães e outras histórias’

-- Sofia Saldanha resgatou uma entrevista de Aquilino Ribeiro onde o escritor refere que acabava

de escrever, naquele momento, um novo romance “A casa Grande de Romarigães” –, o editor da

Orfeu, Arnaldo Trindade, bem como Paulo Pinto e Susana Vassalo vão mergulhar na obra de um

dos autores mais marcantes da literatura portuguesa do século XX.

No ano em que se evoca os 60 anos da morte de Aquilino com a reabilitação da Quinta do

Amparo, este espaço de fruição, centro de literatura e também de cultura em Romarigães

recupera aspetos que marcaram o percurso do autor de “A Casa Grande de Romarigães” que,

curiosamente, também gravou um disco em 1957 onde lê um capítulo da obra “O Malhadinhas”.

Arnaldo Trindade foi o responsável pela gravação.

ARNALDO TRINDADE - Em 1958 lança a editora Orfeu e inaugura o registo de obras poéticas e de

prosa. Aquilino Ribeiro, José Régio, Sophia de Mello Breyner Andresen, Miguel Torga, Eugénio de

Andrade, Jaime Cortesão, Ferreira de Castro, José Rodrigues Miguéis, Agustina Bessa-Luís,

Fernando Namora e Rebordão Navarro são alguns dos nomes que registam em disco vinil a leitura

da sua obra. Eunice Muñoz e Mário Viegas trazem as suas vozes para a Orfeu dizendo Mariana

Alcoforado, Florbela Espanca, Manuel Alegre, Fernando Pessoa e Alberto Caeiro. Dedicado à

música e ignorando ostensivamente a PIDE, Arnaldo Trindade produz o melhor da música

portuguesa: José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Sérgio Godinho, Fausto, Vitorino, Francisco

Fanhais, José Mário Branco. Duas das suas gravações, “Grandola Vila Morena” de José Afonso e

“Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho foram as canções que desencadearam o 25 de Abril. A

loja Arnaldo Trindade, frente ao Café Majestic, tornou-se, então, um local de culto dos jovens da

cidade. Até à data, tem 3 livros de poesia editados, “Jogos de Xadrez e da Vida” (2013),

“Commedia Dell’Arte” (2015), “Nuvem sem água, chuva não chora” (2022), todos publicados na

editora “Estratégias Criativas”.

MNEMONICA |“discos não pedidos" - A editora MNEMÓNICA foi criada em 2022 com o objetivo

de editar discos em vinyl de vozes e poesia lida pelos seus autores, uma prática regular entre as

décadas de 50 e 90 em Portugal. Fundada em Paredes de Coura em 2022 por Paulo Pinto e Susana

Vassalo, ele realizador e ela arquitecta, baseou-se na prática lançada em Portugal pela editora

Orfeu. 1956 foi o ano em que Arnaldo Trindade, na altura proprietário de uma loja de

eletrodomésticos na rua de Sta Catarina, Porto, cria um estúdio nas traseiras dessa loja e lança a

Orfeu. O primeiro disco de prosa, editado em 1958, é uma gravação de Aquilino Ribeiro a ler um

excerto da obra “Malhadinhas”. A editora Mnemónica inspira-se no legado da Orfeu para fazer

algo que já foi feito, mas que acredita, deve voltar a existir. A união das várias artes transbordam

dos discos para as capas, com artistas a criarem obras plásticas inéditas. O primeiro disco da

Mnemónica, editado em formato vinyl, é Arnaldo Trindade a ler a sua poesia, com a capa de

Valter Hugo Mãe, e o segundo, “As Casas: Romarigães e outras histórias” de Sofia Saldanha, um

áudio documentário criado em volta da Casa Grande de Romarigães, realizado em 2019 com o

apoio da Câmara Municipal de Paredes de Coura, com capa de Sebastião Peixoto.

SOFIA SALDANHA - Sofia Saldanha nasceu em Braga, em 1975. Começou a trabalhar em rádio em

1992 quando ainda frequentava a escola secundária. Durante 15 anos foi uma das vozes da Rádio

Universitária do Minho. Completou o Mestrado em Rádio do Goldsmiths College, University of

London, no Reino Unido e aprofundou a experiência de documentarista no Salt Institute for

Documentary Studies, nos EUA. Ganhou o Best New Artist Award no Third Coast International

Audio Festival (EUA, 2010), esteve nomeada para prémios no Prix Europa – The European

Broadcasting Festival (Alemanha, 2019), The HearSay Prize – HearSay International Audio Arts

Festival (Irlanda, 2019), Prix Marulic – International Radio Festival (Croácia, 2020 e 2022), Prémio

Prata na categoria Short Forms do Prix Marulić – International Radio Festival 2021 (Croácia). The

Sleeping Fool, The Captain, Não sei o que o amanhã trará – um passeio sonoro na Lisboa de

Fernando Pessoa, 1974: o 25 de abril na rádio, To Think There's Nothing Else Out There (for In The

Dark's 'Out of The Dark’), A Trovoada, No Escuro e à Escuta - Cultura na Rua, BBC Radio 4 - Short

Cuts, Correspondents, A Caixa, O Piano, Vou e Venho, memórias de Miguel Torga, As Casas:

Romarigães e Outras Histórias são alguns documentários áudio. A mais recente produção surge

depois de um convite realizado pelo projecto “Estilhaços” - com Antonio Rafael, Adolfo Luxúria

Canibal, Jorge Coelho e Henrique Fernandes - para criar uma peça áudio para o concerto no Teatro

Garrett, que integrou a programação do festival literário Correntes d'Escritas 2022, “As listas de

Lilith”. Os seus documentários áudio foram transmitidos na Rádio Antena 2, BBC Rádio 4, e em

inúmeros canais de rádio norte-americanos. É parte do In The Dark, uma associação que nasceu

em Londres em 2010, dedicada a divulgar documentários áudio inovadores, e que organiza

regularmente, em espaços públicos, sessões de escuta áudio no escuro. Em 2018 criou o In The

Dark Lisboa. Sofia foi membro do Sindicato de Poesia, uma Associação Cultural que desde outubro

de 1996 trabalha o acto performativo de dizer poesia. Faleceu no ano de 2022.

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