Viana do Castelo comemora Centenário do Nascimento de António
Manuel Couto Viana
No dia 24 de janeiro, a Câmara Municipal de Viana do Castelo dá início às
Comemorações do Centenário do Nascimento de António Manuel Couto Viana. Assim,
pelas 17h30, a Praça da República vai receber a aposição de lápide comemorativa na
casa onde nasceu o poeta, contista, dramaturgo, ensaísta e memorialista.
Pelas 18h00, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal, acontece uma
conferência evocativa pelo Prof. Doutor Artur Anselmo, Presidente da Academia das
Ciências de Lisboa. A conferência integra poesia de António Manuel Couto Viana pelos
alunos do concelho e intervenções do Presidente da Câmara Municipal de Viana do
Castelo e do Vereador da Cultura.
Poeta, dramaturgo, contista, ensaísta, memorialista, tradutor, encenador, ator,
gastrólogo e autor de livros para crianças, António Manuel Couto Viana nasceu em
Viana do Castelo a 24 de janeiro de 1923, sendo o mais novo de três irmãos, e morreu
em Lisboa a 8 de junho de 2010.
António Manuel Couto Viana cresceu e viveu ligado às artes e às letras.
Publicou meia centena de livros de poesia e cerca de oitenta títulos de outros géneros
literários, com relevo para os livros de ensaios e memórias.
Durante a infância e juventude viveu muito ligado ao Teatro Sá de Miranda, em
Viana do Castelo e, aos 15 anos, escreveu uma revista à portuguesa sobre a vida
escolar e a vida citadina que levou à cena neste Teatro entusiasmado pelos seus
professores.
Aos 23 anos mudou-se com a família para Lisboa e rapidamente se integrou no
meio cultural da capital criando amizades duradouras com, entre outros, David
Mourão-Ferreira e Sebastião da Gama.
Aí, desde cedo dirigiu o seu interesse para o teatro, começando por colaborar
como ator, cenógrafo e encenador no Teatro Estúdio do Salitre (1948-1950). Integrou
a direção do Teatro de Ensaio do Teatro Monumental (1952) e foi empresário e diretor
do Teatro do Gerifalto (1956-1960), especializado em espetáculos infantis e também
da Companhia Nacional de Teatro (1961-1965). Em 1966, diplomou-se em Veneza, em
Teatro, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. A sua atividade artística
mereceu-lhe o Prémio Nacional António Pinheiro (por duas vezes) e o Prémio da
Crítica.
Entre as funções que exerceu, ao longo da sua vida, contam-se ainda as de
orientador artístico da Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra, Mestre de Arte
de Cena do Teatro Nacional de São Carlos e as de colaborador da Ópera de Câmara do
Real Theatro de Queluz. Encenou para o Círculo Portuense de ópera e para a
Companhia Portuguesa de Ópera (Teatro da Trindade). Como ator, participou em
filmes portugueses e estrangeiros e em peças para o palco e para a televisão.
A sua estreia literária verificou-se em 1948 com o livro de poemas O avestruz
lírico. Com David Mourão-Ferreira e Luiz de Macedo dirigiu as folhas de poesia Távola
Redonda (1950-1954), a revista de cultura Graal (1956-1957), fazendo ainda parte do
conselho de redação da revista Tempo Presente (1959-1961).
Além do teatro e da poesia, António Manuel Couto Viana dedicou-se também à
literatura infantojuvenil, escrevendo e traduzindo livros, e dirigindo publicações como a
revista Camarada (1949-1951). De referir que uma parte significativa da sua atividade
teatral, tanto como ator, encenador e autor, orientou-se para as crianças.
A obra poética de António Manuel Couto Viana figura nas principais antologias
de língua portuguesa e espanhola, e poemas seus foram traduzidos para castelhano,
inglês, francês, alemão, russo e chinês. A sua poesia foi já estudada por David Mourão-
Ferreira, Artur Anselmo, Tomaz de Figueiredo, Eduíno de Jesus, Rodrigo Emílio, João
Maia, Franco Nogueira, João Bigotte Chorão, José Carlos Seabra Pereira, Beatriz Basto
da Silva, Mário Saraiva e Joaquim Manuel Magalhães. Via-se, em primeiro lugar, como
poeta, mas, o texto dramático, o ensaio, a gastrologia e, mais recentemente o conto,
que experimentara em jovem, marcam a sua intensíssima produção literária.
Foi galardoado com o Prémio Antero de Quental (em 1949 e 1969), o Prémio
Luso-Galaico Valle-Inclan (em 1960), o Prémio Nacional de Poesia (em 1965), o Prémio
da Academia de Ciências (em 1971), o Prémio de Literatura da Sociedade Histórica da
Independência de Portugal (em 1988), e, o Prémio Camilo Pessanha (em 1992), da
Fundação Oriente.
De 1986 a 1988, viveu em Macau, onde exerceu funções docentes no Instituto
Cultural. Na última década, teve como residência até ao seu falecimento em junho de
2010 a Casa do Artista, em Lisboa, onde continuou a fazer parte da Comissão de
Leitura para a Educação e Bolsas, da Fundação Calouste Gulbenkian.
Foi agraciado com a Banda da Cruz de Mérito, Grã-Cruz da Falange Galega e
Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique. O Município de Viana do Castelo
atribui-lhe a Medalha de Mérito Cultural e dedicou-lhe, a si e à sua família, uma sala na
nova Biblioteca Municipal.
Gabinete de Comunicação
Câmara Municipal de Viana do Castelo